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Vitor Silva/Botafogo
Estamos vivendo aquele que classifico como o pior momento do futebol: janela de transferências. Durante esse período as torcidas ficam ansiosas e atualizando constantemente todos os sites que falam sobre o mercado, mas creio que nenhuma está tão aflita e ansiosa quanto a do Botafogo. Depois do final de Campeonato Brasileiro que tivemos em 2023, o desejo de uma parcela significativa dos torcedores era ver uma reformulação ampla no elenco, e a esperança de ver tal reformulação ficou ainda mais latente quando o John Textor explicitou a intenção de ser “um pouco mais agressivo”.
Vendo esse cenário, fiquei refletindo sobre o perfil de jogadores buscados pelo Botafogo e acabei estendendo essa reflexão para os principais movimentos de contratações da SAF desde a sua fundação até o presente momento.
Sugiro a vocês que deem uma boa olhada na tabela que montei e disponibilizei abaixo. Nela tentei elencar as principais contratações exitosas, as principais tentativas de contratação e separei todas elas em grupos usando como base a idade do jogador quando ele teve seu nome ligado ao Botafogo.
Ao analisar essa tabela, fica muito claro que a nossa SAF tem destinado a imensa maioria de seus recursos (cerca de R$ 188 milhões entre contratações efetivadas e propostas enviadas) para aquisição de jovens talentos e que no futuro poderão dar retorno esportivo e financeiro ao Botafogo e à Eagle Football. Muitos se perguntam a razão pela qual o Botafogo não vai atrás de nomes mais experientes/badalados como Gustavo Scarpa, Borré, Alario e outros que exijam recursos financeiros mais significativos para a compra de direitos econômicos.
Pois bem, analisando as movimentações e cifras colocadas pelo Botafogo no mercado, vemos que provavelmente existe uma espécie de teto financeiro por transação (até R$ 13 milhões) para a contratação do perfil de jogadores supracitados (lembrando que toda regra tem exceção). Fica claro também, que a preferência do Botafogo é contratar “jogadores-chave” quando estes estão livres no mercado, o que possibilita ao clube elevar o nível técnico do elenco sem assumir obrigações ainda maiores do que as luvas e comissões que são pagas nesse modelo de negócio.
Resolvi fazer essa reflexão para tentar demonstrar que nós torcedores precisamos sempre encarar a realidade dos fatos, pois isso nos colocará mais perto de um alinhamento entre as nossas expectativas e as da SAF. Não é segredo para ninguém que o Botafogo precisa se fortalecer ao ponto de ser autossustentável em um futuro relativamente breve e que Textor precisa criar/fortalecer fontes de receita para que esse objetivo seja atingido. Investir em jovens talentos e apostar em vendas futuras pode trazer muito dinheiro ao Botafogo (transferências, premiações, etc) e ajudar nesse processo.
Para que fique mais claro, creio que podemos separar as buscas do Botafogo no mercado de aquisição de jogadores da seguinte forma:
– Jovens talentos sul-americanos a serem contratados por altas quantias e que podem render cifras ainda maiores no futuro
– Jogadores de excelente/bom nível que possam ser contratados por cifras significativas, porém bem menos vultuosas que o perfil acima citado
– Jogadores mais experientes que cheguem para elevar significativamente o nível de qualidade do elenco, mas que estejam no mercado como “agentes livres”
Em resumo, não esperem contratações de medalhões por verbas altas (embora a presença do John no Botafogo possa tornar isso eventualmente possível), mas sim jogadores de bastante qualidade e que estejam alinhados com o perfil esportivo e econômico da SAF. Sempre bom lembrar que Textor é bilionário, o Botafogo não. O processo para reerguer o clube precisa ser feito com muita responsabilidade pois ainda temos um passivo gigantesco para extinguir e que vai nos limitar por um tempo. Não adianta darmos passos maiores que as nossas pernas, pois todos sabemos onde esse tipo de pensamento nos levou.
Com todas as nossas dificuldades, estamos buscando jogadores disputados por times europeus e com chances efetivas de obtermos sucesso. O Botafogo está tentando pensar/fazer futebol no Brasil de uma maneira diferente e isso implica em questionar/tentar alterar padrões estabelecidos há décadas. Não vamos acertar sempre, mas a busca parece ser pela evolução contínua e responsável, o que já é algo absolutamente fora da curva em se tratando de Botafogo.
Moderem suas expectativas e por consequência, vivam o Botafogo de uma maneira mais “arejada” e “pés no chão”. Lembrando que, para tornar mais possível esse modo de viver mais tranquilo por parte do torcedor, seria muito bem-vinda uma ajuda do Textor ao evitar declarações como “seremos um pouco mais agressivos”. A grande maioria da torcida ainda está muito machucada por conta da reta final de 2023 e acaba amplificando tudo que é dito. Sendo assim, creio que o melhor caminho é demonstrar as intenções da SAF através de ações concretas. Conforme a torcida for vendo o planejamento ser levado para o mundo real, a confiança no Botafogo será gradativamente reestabelecida.
Espero ter conseguido passar para vocês a reflexão que fiz esses dias e que a gente possa debater sobre as nossas expectativas seguindo um caminho mais focado naquilo que a realidade nos apresenta.
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